sexta-feira, novembro 07, 2014

6 DE NOVEMBRO DE 1954 - TORNADO EM CASTELO BRANCO


Cinco mortos, 220 feridos e mais de 40 000 pessoas com prejuízos foi o resultado, relatado pelos órgãos de comunicação social da altura, entre os quais o Reconquista, sobre aquilo a que em 1954, chamaram tufão.
O Instituto de Meteorologia recorda que não existe em Portugal informação apurada sobre a frequência com que ocorrem os tornados ou outros fenómenos da natureza.
Do conhecimento histórico que se tem do fenómeno em Portugal continental, o tornado que maior impacto causou no decorrer do último século foi o registado em Castelo Branco, no ano de 1954. De uma maneira geral, estima-se que existam em média, por ano, cerca de duas ocorrências, valor pouco significativo quando comparado com outras regiões do globo.
Assim se descrevia, resumidamente o que se passou na altura. Castelo Branco, 6 de Novembro de 1954, 12H50, duração 30 segundos. Ruído estranho, longínquo. Escureceu. Uma enorme nuvem negra tendo um feitio estranho aproximava-se a uma velocidade fantástica. Escuridão profunda e um ruído espantoso como se milhares de aviões passassem.
"Vivi essa situação, tinha 10 anos, estava em casa com a minha mãe, na rua Prior Vasconcelos, junto aos Três Globos. Ouço um grito da minha mãe, vou a correr para a cozinha e vejo uma nuvem negríssima na minha frente. Passados uns instantes um grande estrondo: era o telhado a desabar e a voar. Começa a haver inundação", conta o meteorologista Manuel Costa Alves ao Reconquista.
Um testemunho de muita emoção, sobretudo quando recorda o passeio que deu com o pai, durante a tarde. "O meu pai que trabalhava em frente dos Correios não sentiu nada. Ele saia à uma e quando ia para casa, depois de passar o Banco de Portugal é que se apercebe de algo muito estranho. Inúmeros destroços, carros voltados ao contrário, árvores ceifadas. Via-se de tudo um pouco e quando saí com ele o que mais me impressionou foi a oficina dos Valentes, completamente destroçada", recorda.
Ainda citando a imprensa da altura, referia-se que o vento entrou pelo poente e atingiu metade da cidade, tendo-se salvo a zona do Castelo, que teria sido catastrófico que tivesse sido atingida.
Automóveis e camiões voltados e arrastados, cobertura metálica do mercado arremessada, a enorme cúpula de ferro (com oito grossos suportes de ferro) do coreto colocada no solo ao seu lado, portões separados dos gonzos e arremessados, varandas retorcidas, ala esquerda do quartel de Cavalaria destruída, muros caídos, pessoas levadas, postes de ferro dobrados, camioneta carregada projetada a 20 metros... um cenário perfeito de destruição que dizia-se parecia que "tinha havido um bombardeamento".
"Até apareceu, junto ao Hotel Turismo, que também ficou deveras destruído, um objeto que pertencia ao cemitério de Benquerenças. O caos total", diz Costa Alves.

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