terça-feira, dezembro 28, 2021

Rota do Erges, um dos últimos rios selvagens de Portugal - National Geographic

 O rio Erges, Erjas, ou Riu das Elhas na Fala ou Xalimés, é um dos últimos rios selvagens de Portugal.

Texto: Carlos Neto de Carvalho

A sua natureza bravia determinou uma porção de fronteira que, embora socialmente permeável, ao longo de 50 quilómetros é uma das mais antigas definidas entre nós e os vizinhos espanhóis. Esta natureza confere-lhe traços de personalidade próprias, a nível de uma paisagem cultural pouco humanizada, desde que nasce e se despenha da Sierra de Gata, em plena Cordilheira Central Ibérica. Na raia, fruto de uma geodiversidade extraordinária e como resposta à evolução do curso do Tejo na direcção do Atlântico, o Erges abriu três profundas gargantas, cuja forma, profundidade e orientação do vale foram determinantes para a ocupação humana, mas também para a subsistência de ecossistemas de grande importância para a conservação, no âmbito do Parque Natural do Tejo|Tajo Internacional, hoje também Reserva da Biosfera e parte do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO.

O Erjas passa a partilhar nome português alguns quilómetros antes das Termas de Monfortinho, na confluência com o seu afluente Baságueda. No seu trajeto impaciente para sul no encalço do Tejo, arrebatado após forte chuvadas, inexistente num longo e infernal estio, a erosão de um campo filoniano determina que as aluviões acabem por concentrar ouro e terras raras, na forma cristalina de monazite e xenótimo, na transposição dos dois flancos quartzíticos do sinclinal de Aranhas-Penha Garcia-Cañaveral.

Aqui, o rio serpenteia entre “canchos” duros de roer e define seis níveis de terraços ao longo de cerca de sete quilómetros, grande parte dos quais revolvidos pelos romanos e até à década de 1930. No final da década de 1980, deu-se a última tentativa de explorar nas Veigas, mas na margem espanhola, as aluviões auríferas do Erges.

rio erges

Dos quartzitos irrompem ricas nascentes termais de água muito leve, com caudais até 12 litros por segundo e temperaturas inferiores a 30ºC, após largos anos de circulação no interior do sinclinal, atingindo um quilómetro de profundidade. Estas águas ricas em sílica dissolvida, em profundidade, da dura rocha quartzítica da serra do Cancho, com reconhecidas propriedades terapêuticas e há séculos apelidadas de “santas”, não foram certamente desconhecidas dos romanos e enriqueceram a raia dando renome às Termas de Monfortinho.

A Rota do Erges é um dos percursos pedestres sinalizados que permite descobrir esta fronteira de água. Em trajecto circular de 6km, é um excelente complemento, físico e psicológico, a quem vem às Termas de Monfortinho em busca de dias de 24 horas. O percurso ladeia o rio e permite descobrir o complexo termal aqui construído na década de 1940.

Suba-se às alturas da crista do Cancho e aprecie-se o nascer do dia, os Canchos de Morero com as ruínas castrejas do outro lado do rio. Contemple-se este oásis raiano, com toda a serenidade. Outro dia poderá ser de descoberta dos sítios que fazem deste sinclinal de Penha Garcia um imenso recurso hidrogeológico ou seguir o curso das águas nascentes nas Termas de Monfortinho para sul, para conhecer paisagens e lugares ao longo do Erges que ajudaram a escrever páginas importantes da história de Portugal, como Salvaterra do Extremo, Segura e Rosmaninhal.

In National Geographic, 17 de Dezembro de 2021

quinta-feira, agosto 12, 2021

ROSMANINHAL E CASTELO BRANCO EM 1704

 Em 1704 o jovem rei Filipe V de Espanha, no decurso da Guerra de Sucessão de Espanha invadiu Portugal. No decurso dessa invasão o cartógrafo francês Fillipo Pallota desenhou as plantas e os planos de assalto ao Rosmaninhal e à cidade de  Castelo Branco, que aqui se apresentam.
Rosmaninhal
Castelo Branco



quarta-feira, julho 28, 2021

quarta-feira, julho 21, 2021

Lobo ibérico regressa a Castelo Branco ao fim de várias décadas


O lobo ibérico, espécie dada como extinta no distrito de Castelo Branco "há várias décadas", voltou a ser avistado na região.

Segundo Samuel Infante, da associação ambientalista Quercus, a última presença do lobo ibérico no distrito de Castelo Branco remonta a outubro de 2004, quando foi encontrado um jovem macho, morto por envenenamento, no concelho de Idanha-a-Nova.

A extinção desta espécie na região ficou a dever-se, sobretudo, "à caça, envenenamentos e redução do seu habitat", contou à agência Lusa. "A novidade sobre a presença do lobo ibérico no distrito de Castelo Branco surgiu em dezembro de 2020, quando um elemento ligado à Quercus avistou um animal. A partir daí, tem sido registada e acompanhada a presença do lobo", refere.

Samuel Infante sublinha que o ressurgimento da espécie pode estar relacionado com a baixa densidade demográfica, a desertificação do mundo rural e o consequente regresso à região de espécies como o corço, o veado e o javali, presas naturais do lobo.

"Desde a descoberta, a espécie tem estado a ser monitorizada pela Quercus que tem recorrido à fotoarmadilhagem e à recolha de indícios para análise genética. Estamos a tentar perceber se este regresso à região são indivíduos provenientes das populações a sul do Douro ou são oriundos de Espanha", adiantou.

O ambientalista refere que a Quercus avisou desde a primeira hora, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Grupo Lobo, o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e o 'Life WolFlux' sobre o ressurgimento do lobo ibérico na região.

Adiantou ainda que é preciso acabar com alguns mitos sobre esta espécie, nomeadamente, no que diz respeito aos ataques a rebanhos. "Mais de 805 dos ataques a rebanhos são provocados por cães selvagens e não por lobos. Além disso, se houver algum ataque, os proprietários devem reportá-lo de imediato às autoridades porque caso seja provado que foi o lobo, o Estado indemniza o proprietário", frisou.

Samuel Infante realça também a importância deste predador no controlo de espécies como o javali e o veado que na região "enfrentam problemas muito graves de tuberculose".

O lobo ibérico junta-se a outras espécies que regressaram à região, como o abutre-preto, a águia-imperial, o grifo, o corço ou o esquilo.

In Jornal de Notícias, 20/07/2021

domingo, julho 11, 2021

Exposição "50 Anos, 50 Imagens"

A exposição "50 Anos, 50 Imagens" foi inaugurada no dia 30 de maio, durante o encontro que assinalou os 50 anos desde o início dos trabalhos sobre o Paleolítico na região e reuniu alguns dos principais protagonistas da chamada “Geração do Tejo”, nome atribuído aos arqueólogos e estudantes que, a partir de finais de 1971, graças às campanhas de salvamento arqueológico, garantiram a catalogação e preservação da arte rupestre do vale do Tejo, antes da sua submersão devido à construção da barragem do Fratel, e contribuíram para identificação de vários sítios arqueológicos datados do Paleolítico, que documentam a presença do homem de Neandertal na região.

As fotografias que agora se apresentam ao público na Casa de Artes e Cultura do Tejo pertencem ao espólio de Luís Raposo, membro desta “Geração do Tejo”, antigo diretor do Museu Nacional de Arqueologia e atual vice-presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses e presidente da Aliança Regional Europeia do Conselho Internacional dos Museus.

Nelas é possível constatar o entusiasmo e empenho com que este grupo de jovens arqueólogos abraçou a tarefa de identificação e salvaguarda deste património tão relevante para o concelho de Vila Velha de Ródão e que se revelaria uma autêntica escola de campo determinante para o sedimentar das suas vocações, já que muitos deles viriam a tornar-se nomes destacados da arqueologia portuguesa nas décadas seguintes.

Patente até 30 de setembro na Casa de Artes e Cultura do Tejo, de segunda a sexta-feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.

 

Catálogo da Exposição "50 Anos, 50 Imagens" (pdf)

sábado, março 20, 2021

Castelo Branco assinala 250 anos de elevação a cidade

 A Câmara vai assinalar os 250 anos da elevação de Castelo Branco a cidade, com o lançamento de uma medalha comemorativa da efeméride e um conjunto de iniciativas ao longo de todo o ano.

"Trata-se de assinalar uma data histórica, emblemática e marcante na vida de uma cidade. Castelo Branco é capital de distrito há muitos anos. Esta data devia de ser comemorada de uma forma diferente. Não o é, face ao contexto de pandemia que vivemos", afirmou o presidente do município, José Augusto Alves.

O autarca falava durante uma conferência de imprensa, nos Paços do Concelho, para apresentação do programa comemorativo da elevação de Castelo Branco a cidade, data que se assinala no sábado.

"Estamos melhor nos números [em termos da covid-19], mas devemos manter este nível de cuidado e, quiçá, colocar os números da infeção a zeros. A situação é esta e tivemos que nos readaptar", sublinhou o presidente do município de Castelo Branco.

Neste âmbito, vai decorrer uma Assembleia Municipal extraordinária para assinalar o Dia da Cidade, durante a qual terá lugar o ato oficial das comemorações, com intervenções dos líderes partidários com assento naquele órgão e dos presidentes da Assembleia e da Câmara municipais de Castelo Branco.

Após a sessão solene, no Cineteatro Avenida, com um número reduzido de convidados, serão homenageados 12 personalidades e entidades albicastrenses com a medalha de ouro da cidade.

A estes homenageados, juntam-se mais quatro personalidades que vão receber a medalha de ouro referente aos 249 anos da cidade, pois, devido à pandemia da covid-19, em março de 2020, não foi realizada a respetiva sessão comemorativa, nem distinguidas estas personalidades que se destacaram na vida de Castelo Branco.

"Além da homenagem a várias entidades e personalidades, vai ser apresentada a medalha comemorativa dos 250 anos e um livro também comemorativo da efeméride. Vai ainda ser apresentado um vídeo sobre Castelo Branco – o que foi, o que é e o que se projeta para o futuro", adiantou José Augusto Alves.

Todo o programa vai ser divulgado através das redes sociais.

O autarca destacou ainda que ao longo de todo o ano de 2021, o município vai realizar eventos culturais, desportivos e de lazer, ligados às comemorações dos 250 anos de elevação de Castelo Branco a cidade.

O bordado de Castelo Branco terá uma atenção especial neste período, designadamente através da sua divulgação junto das escolas locais, "para sensibilizar os mais novos para a sua importância e para o perpetuar".

"O que se pretende, apesar das circunstâncias, é colocar Castelo Branco como uma grande cidade de futuro, com visão e que se projete no tempo. Castelo Branco faz 250 anos, mas quem está de parabéns são todas as gerações que a fizeram, no passado, no presente e para o futuro", concluiu José Augusto Alves.

In «Diário Digital Castelo Branco», 2021-03-16

quinta-feira, fevereiro 18, 2021

Memórias do tornado de 1954 em Castelo Branco

Há 60 anos bastaram poucos segundos para virar parte da cidade do avesso. O tornado de 6 de novembro de 1954 é uma memória ainda presente.Morreram cinco pessoas. 
Vídeo jornal Reconquista.

domingo, janeiro 24, 2021

DESTRUIÇÃO DE MINA DE OURO ROMANA NO FRATEL

A Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT), ao visitar o local da informação que lhe chegou em meados de Janeiro de 2021, confirmou a destruição total do sítio arqueológico de superfície, através de surriba destinada a mais uma plantação de eucaliptos. 

A investigação da AEAT, com conhecimento da expansão da florestação do sítio arqueológico da Cova da Moura, na freguesia de Fratel, concelho de Vila Velha de Ródão,  constata que o porte arbóreo indica um plantio executado há cerca de dois ou três anos.

Segundo a informação enviada ao Diário Digital Castelo Branco pela Associação, esta área de elevada importância arqueológica, única do género naquela freguesia, consta no atual PDM de Vila Velha de Ródão, tal como já constava no anterior, com o nº 40, e está protegida pelo inventário pela Direção Geral do Património Cultural, com o Código Nacional de Sítio nº 2335. A sua inscrição em importantes documentos de ordenamento do território e de gestão patrimonial fazia pressupor que este sítio arqueológico beneficiaria de alguma proteção, o que não se verificou, tal como em muitos outros casos. Como bem arqueológico foi identificada na segunda metade dos anos 70, por elementos da Associação de Estudos do Alto Tejo. O etnólogo Paulo Caratão Soromenho, com raízes em Fratel, no seu artigo Lendário Rodanense (1965) já identifica este sítio como “mina explorada no tempo dos romanos”, sendo conhecida pela comunidade local.

Parte da área tinha sido eucaliptada, nos anos 80, em parcelas próximas da mina. Até este atentado, restavam, intocadas por revolvimentos de solo e subsolo, uma das suas entradas, em forma de poço, o escorial resultante da trituração do quartzo, no qual nascia vegetação, e, em cotas inferiores, parcelas com elevado potencial arqueológico para escavação e caracterização da referida mina. No espaço não afetado e na sua envolvente foram recolhidas bases de pilões para trituração de minério, em quartzito, cerâmica de tipologia diversa, de que destacamos tégula de cronologia Alto Imperial (romana) e um fragmento de uma taça em terra sigillata hispânica.

A AEAT declara que os responsáveis por este crime patrimonial devem ser identificados e responsabilizados criminalmente. A Associação considera inadmissível não proceder ao arranque da plantação em área a determinar pela Direção Regional de Cultura do Centro, não inferior a 1000 m2, e a execução de escavação integral da área arqueológica mais relevante como última tentativa de recuperar informação que permita caracterizar este sítio, antes que continuem desmandos com afetações em profundidade. "Não o fazer será dar um sinal de que o ato não foi grave e que não teve consequências. Infelizmente, temos de constatar que os instrumento de política de ordenamento do território e de política cultural são ineficazes para proteger o património arqueológico, como reiteradamente se tem verificado, se não existirem medidas de gestão ativas", afirma a AEAT.

A Associação refere ainda que este tipo de crime, de destruição do património arqueológico, tem sido comum no concelho de Vila Velha de Ródão, como em tantos outros, associado quase sempre a projetos agrícolas e florestais. "Além dos proprietários são igualmente responsáveis as entidades públicas que não providenciam os meios e instrumentos adequados à salvaguarda deste património não renovável em sede de licenciamento de atividades económicas", conclui a denúncia da AEAT. 

                                                                    In Diário Digital Castelo Branco, 22 de Janeiro de 2021



sábado, janeiro 23, 2021

215 ANOS DO FORAL DE IDANHA-A-NOVA

Em 23 de Janeiro de 1206, D. Sancho I entregava à Ordem do Templo, através da concessão de um foral, a vila de Idanha-a-Nova, com todos os seus limites e direitos e confirmava-lhes ainda a posse de Idanha-a-Velha.
A doação deste foral tinha por objectivo reforçar o povoamento da região e por consequência a defesa da fronteira, uma vez que esta região situava-se na fronteira com o Reino de Leão e com os territórios muçulmanos do Al-Andalus.