sexta-feira, julho 25, 2008

VULTOS DA BEIRA INTERIOR - D. JORGE DA COSTA - CARDEAL DE ALPEDRINHA

D. Jorge da Costa, mais conhecido por Cardeal de Alpedrinha ou Cardeal de Portugal nasceu em Alpedrinha - Fundão, no ano de 1406, filho de Martim Vaz e Catarina Gonçalves.
Estudou em Paris e foi prelado em várias dioceses e eleito Bispo de Évora (1463- 1464), Arcebispo de Lisboa (1464-1501) e Arcebispo de Braga (1501- 1505). Foi feito Cardeal pelo Papa sisto IV, em 18 de dezembro de 1476, com o título dos Santos Pedro e Marcelino. Foi Cardeal de Portugal em Roma, durante o pontificado de quatro Papas (Inocêncio VIII, Xisto IV, Alexandre VI e Júlio II); tendo contudo no conclave a seguir a Alexandre VI sido D. Jorge da Costa o escolhido para Papa. Renunciou ao cargo, vindo a eleger-se em nova votação Júlio II, que no momento da “obediência”, dispensou D. Jorge da Costa de se ajoelhar, para o fazer subir os degraus do trono, para, com um beijo na fronte e um abraço de reconhecido apreço, lhe dizer: “Se estou neste lugar, a ti o devo. Eu serei o Papa de direito. Mas tu serás o Papa de facto”.

Há mesmo quem lhe atribua a influência decisiva na demarcação da linha dos descobrimentos e conquistas entre Portugal e Castela, estabelecida pela bula pontifícia "Inter Caetera", de 4 de Maio de 1493, e ratificada em 1494 pelos respectivos soberanos no Tratado de Tordesilhas.
Dotado de invulgares qualidades, para além de diplomata, foi conselheiro e confessor de D. Afonso V, tendo sido também mestre-capelão da sua irmã, a infanta D. Catarina. A sua influência na Casa Real levou Nuno Gonçalves a retratá-lo nos chamados Painéis de São Vicente, onde é vulgarmente referido como o arcebispo.
Por se haver inimistado com o filho e sucessor daquele, o rei D, João II, exilou-se em Roma a partir de 1483, onde acabou por passar o resto da sua vida, governando a partir da Cúria Romana a diocese. Aí obteve o governo sucessivo de várias dioceses suburbicárias de Roma: Albano, Frascati e Porto-Santa Rufina.
Deve-se a D. Jorge da Costa a criação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com todo o apoio que deu à Rainha D. Leonor, tendo, para o efeito, movido influências em Roma para que a nova instituição surgida em Portugal tivesse o reconhecimento do Papa.
Morreu em a 19 de Setembro de 1509 em Roma, onde está sepultado num magnífico túmulo, na Igreja de Santa Maria del Popolo.
Viveu este ilustre beirão cerca de 102 anos que não quis ser conhecido como Cardeal de Évora, Lisboa ou Braga (cargos que efectivamente ocupou), preferindo antes ser conhecido por Cardeal de Alpedrinha, prova da grande estima que tinha pela sua aldeia natal. Esperemos pois que com o aproximar-se de mais um centenário da sua morte as comemorações estejam à altura da sua grandeza e universalidade e não aconteça como em 2006, no centenário do seu nascimento, apenas foi alvo de homenagem por parte da Câmara Municipal do Fundão e da Misericórdia de Alpedrinha.
Bibliografia:

Sem comentários: