quinta-feira, outubro 13, 2011

A CP É UMA ANEDOTA

A partir do próximo sábado, o serviço Intercidades (Covilhã-Lisboa) na Linha da Beira Baixa passa a ser assegurado por automotoras do século passado (construídas nos anos 70) e que a CP mandou “recauchutar”. A CP justifica a decisão com a necessidade de dar sustentabilidade económica à Linha da Beira Baixa, que, será a primeira do país a ter automotoras eléctricas a assegurar o Intercidades. A decisão apanhou de surpresa os autarcas, que receiam tratar-se de um retrocesso numa linha onde foram investidos milhões de euros nos últimos anos. A esses milhões há que juntar mais aqueles (CP não anunciou o valor do investimento) que foram investidos para “lavar a cara” das automotoras que passarão a circular na Linha da Beira Baixa. Questionada pelo JF, a CP diz que as automotoras oferecem “condições de conforto idênticas às das carruagens em circulação. Estas automotoras passam a disponibilizar condições de conforto adaptadas a viagens de longo curso, nomeadamente ao nível dos bancos, espaço disponível e colocação de tomadas para carregamento de equipamentos portáteis em 1.ª classe”. O novo modelo de exploração permitirá uma poupança superior a 1,5 milhões de euros por ano e surge apenas dois meses depois de concluída a electrificação da linha até à Covilhã, permitindo ganhar vinte minutos na viagem para Lisboa. A automotora atinge a velocidade máxima de120 Km /hora, bastante menos que as composições que garantem actualmente o serviço. A CP sublinha que a procura na Linha da Beira Baixa tem vindo a descer, desde a criação da A23, factor que favorece a anunciada mudança. As automotoras têm menor consumo energético e o facto de possuírem cabine de condução em ambas as extremidades permite reduzir os custos associados à manobra para inverter a locomotiva à partida e à chegada. As automotoras que vão garantir o serviço Intercidades têm capacidade para 186 passageiros, o que significa uma ligeira redução relativamente às composições que percorrem agora a distância entre Lisboa e a Covilhã, com uma lotação de 192 lugares. “Está assegurada a disponibilidade de lugares necessária para dar resposta à actual procura do Intercidades na linha da Beira Baixa”, sublinha a CP, assegurando que manterá o “número de ligações existentes de Intercidades e serviço regional, verificando-se apenas pequenos ajustamentos nos horários dos comboios”. Ajustamentos que podem significar 10 minutos a mais na duração da viagem, como acontecerá com o primeiro Intercidades do dia. Saía às 7 horas e 37 minutos da Covilhã e chegava a Santa Apolónia às 11 horas e 11minutos, passando a sair da Covilhã nove minutos mais cedo, às 7horas e 28 minutos e a chegar a Lisboa às 11horas e 12 minutos.

In Jornal do Fundão, 12/10/2011

Sinceramente não entendo as decisões que a administração da CP toma. Primeiro a linha foi electrificada e agora em vez de conseguir prestar um serviço melhor, recauchutou antigas automotoras, diminuiu o número máximo de passageiros a transportar e aumentou o tempo da viagem em 10 minutos. Depois apresentam-nos uma justificação de que com esta alteração poupam mais de 1,5 milhões de euros pelo facto de as automotoras não necessitarem de fazer a manobra da mudança da locomotiva. Será que a administração da CP pensa que por vivermos no interior somos pessoas que não pensam e que acreditamos nesta alegada poupança? Não conseguiria a CP poupar bem mais de 1,5 milhões de euros se acabasse com pelo menos alguns dos muitos gestores que tem? Não conseguiria poupar também alguns milhões se acabasse com as mordomias dos seus numerosos gestores? Esta administração da CP é uma anedota.

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