Comemoram-se hoje 200 anos do fim da 4ª invasão francesa a Portugal. Esta última invasão é quase desconhecida dos portugueses e até ignorada pelos manuais escolares, que somente se referem às 3 anteriores invasões, comandadas respectivamente por Junot, Soult e Massena.
Esta invasão francesa iniciou-se em 3 de abril de 1812, com a entrada das tropas francesas que tentaram sem sucesso ocupar a praça de Almeida. Esta força invasora era comandada pelo Marechal Marmont que desta forma tentava realizar uma manobra de diversão, destinada a aliviar o cerco anglo-portugês de Badajoz e evitar o avanço posterior do exército anglo-português em direcção a Madrid. no dia 8 de Abril, os franceses instalaram o seu quartel-general no Sabugal e a partir dessa localidade foram enviadas forças que espalharam o terror pela região e atacaram Penamacor, Belmonte, Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova e Castelo Branco.
Com a tomada de Badajoz pelas tropas anglo-portuguesas, Wellington avançou com as suas tropas em direcção à Beira Interior. Os franceses perante a aproximação de Wellington recuam e pelo caminho destruiram e saquearam Medelim e Pedrogão de São Pedro. Os franceses abandonam posteriormente o Sabugal e retiram de Portugal.
Esta 4ª invasão durou apenas 20 dias, mas foi o suficiente para lançar de novo o terror e a destruição na região que tão martirizada tinha sido nas 1ª e 3ª invasões e realizou-se aquando as populações estavam já a reconstruir os seus pertences e se viram de novo na miséria perante a fúria destruidora dos franceses. William Warre, major inglês que se encontrava já alguns anos em Portugal, nas suas «Cartas da Península» relata ao seu pai na carta de 24 de Abril de 1812 o seguinte acerca desta invasão: «É impossível dar-vos uma ideia da desgraça existente em todas as
vilas por onde o inimigo passou, pois destruíram tudo aquilo que não
puderam levar (...) A fome e a penúria dos infelizes camponeses que nos cercam por toda a
parte, e a caridade que fomos fazendo a alguns, já esgotou
completamente os nossos meios. O dinheiro tem pouca utilidade onde nada
pode ser comprado. Toda a forragem para os cavalos foi, nos dois últimos
dias, aquela que conseguimos cortar nos campos, embora nem estes tenham
escapado à rapacidade do inimigo».
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