domingo, fevereiro 28, 2016

Governo prepara plano para ter lince na Serra da Malcata

  

Ministro do Ambiente acredita que projecto poderá estar no terreno dentro de três a cinco anos.
O Governo está a preparar um plano para reintroduzir o lince ibérico na Serra da Malcata, o que poderá acontecer dentro de três a cinco anos, afirmou nesta quinta-feira o ministro do Ambiente.
"Vamos em Maio, quando abrem as próximas candidaturas do POSEUR [programa operacional sustentabilidade e eficiência no uso de recurso] no domínio da conservação da natureza, apresentar uma candidatura para reintroduzir o lince na Serra da Malcata", disse à agência Lusa João Matos Fernandes.
"A expectativa de sucesso que temos é de em três, quatro, cinco anos podermos ter condições para que o lince possa voltar à Serra da Malcata", referiu.
Para cumprir este objectivo, "é fundamental que também o Estado cumpra a sua função" com a instalação de alguns cercados com coelho bravo e pequenas mudanças, como "fazer alguns pequenos prados, com mosaicos na paisagem que tenham zonas de refúgio, tanto para o lince como para as presas, em comum e em associação com a gestão daquele espaço como uma zona de caça", explicou o ministro.
"Acredito que, no final deste ano, já estaremos em condições de poder iniciar no terreno as intervenções que conduzirão a que, num prazo que infelizmente nunca será muito curto, volte a haver lince na Serra da Malcata", realçou o governante.
A existência de alimento, ou seja, coelhos bravos, é fundamental para a decisão de libertar os linces.
A densidade de coelhos bravos por hectare recenseada na Serra da Malcata era de 0,29 quando o programa LIFE, que tem financiado a reintrodução do lince na Península Ibérica, diz que tem de haver um mínimo de dois coelhos bravos por hectare, lembrou João Matos Fernandes.
Assim, concluiu, "não há quaisquer condições para hoje poder reintroduzir o lince na Serra da Malcata".
O lince tem sido introduzido em Portugal com sucesso, ainda que seja uma experiência recente, no Vale do Guadiana, onde há densidade "da ordem dos 3,5 coelhos bravos por hectare, tudo isto em zonas de caça ordenada", frisou ainda.
Desde 2005, existe um plano de ordenamento territorial na Serra da Malcata que "claramente aponta a caça como uma actividade económica importante também para a melhoria do habitat", nomeadamente pela introdução de espécies autóctones, como coelhos bravos, o alimento do lince.
Assim, "pareceu-nos importante, seguindo o conselho técnico do ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e Florestas], permitir a caça ordenada naquela parcela da Serra da Malcata", explicou o ministro, mas alertou que, para haver caça na área, o Governo tem de aprovar um plano e "a única espécie que está previsto poder caçar-se, na melhor das hipóteses daqui a um ano e meio, é o javali".
João Matos Fernandes insistiu que "não há quaisquer condições na Serra da Malcata, por exemplo, para caçar coelhos ou perdizes [que] têm um número reduzido e é completamente proibida".
O Ministério só vai aceitar uma caça de espera ou acompanhada por um profissional que trabalhe na reserva de caça, garantiu.
A revogação da portaria que interditava a caça da Serra da Malcata, que o Ministério esclareceu ter sido só na zona sul, deu origem a várias críticas dos ambientalistas, assim como de alguns partidos, como o PAN, os Verdes ou o Bloco de Esquerda.

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sábado, fevereiro 06, 2016

Retomadas obras na Linha da Beira Baixa entre a Guarda e a Covilhã


O presidente do Conselho de Administração (CA) da EP/REFER, António Ramalho, anunciou, na quinta-feira, dia 19 de Fevereiro, que vão ser retomados os trabalhos de modernização da Linha da Beira Baixa, no troço entre a Covilhã e a Guarda, no âmbito do plano de investimento a realizar até 2019. O anúncio foi feito durante a inauguração das instalações conjuntas dos serviços distritais daquelas empresas, na Estação Ferroviária da Guarda.
António Ramalho referiu naquela data que a EP/REFER iria abrir o concurso público para intervenção na ponte de Corges, na Covilhã, que custará 2,5 milhões de euros. O responsável lembrou que a obra de modernização da Linha da Beira Baixa, no troço Guarda-Covilhã, tem um orçamento global previsto de 80 milhões de euros e faz parte das prioridades A do Plano Estratégico de Transportes e Infra-estruturas (PETI) do Governo para 2015-2019. Em relação ao início das obras, disse que não antecipava datas, alegando que decorrerão “daquilo que será o resultado final do concurso” e do plano de trabalhos da obra. “Quando tivermos todo o planeamento da obra” será anunciado, garantiu. A intervenção global contempla a renovação integral da via no troço Covilhã - Guarda, a concordância da Linha da Beira Baixa com a Linha da Beira Alta e a electrificação e a instalação dos sistemas de sinalização electrónica, telecomunicações e controlo de velocidade.
O presidente do CA da EP/REFER reconheceu na ocasião a importância da reabilitação e modernização do troço da linha Guarda - Covilhã, porque integra “uma parte fundamental da rede” ferroviária nacional. Por outro lado, observou que, devido à intervenção que irá ser feita na Linha da Beira Alta, a utilização da Linha da Beira Baixa pode ser um benefício para “uma maior eficácia na Linha que está sob intervenção”. “Para nós, o planeamento conjugado da Beira Alta com a Beira Baixa faz todo o sentido e estamos a trabalhá-lo nesse sentido, tanto mais que cerca de 60% do movimento de mercadorias vem da zona baixa, vem do Entroncamento”, disse.
Sobre este assunto, o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Álvaro Amaro, reagiu com satisfação dizendo que a obra “vai ser feita”. “Se é corrigido o erro de 2009 (quando a Linha da Beira Baixa fechou) ou não, pouco importa, importa é o futuro: a ligação Guarda-Covilhã”, declarou, acrescentando que o lançamento do concurso para a ponte de Corges “torna ainda mais irreversível, se é que já não era, essa magnífica obra”. Álvaro Amaro salientou ainda que as obras naquele troço ferroviário “começam, afinal de contas, em 2015”, pois o investimento de 2,5 milhões de euros “numa das primeiras pontes tornará ainda mais irreversível” o processo.

In Jornal «A Guarda» online